Nesse artigo vamos dar uma breve visão do que se trata a operação de redes.
Esse conteúdo faz parte do nosso curso Operação de Redes.
O que é a operação de redes?
Operações de rede (Network Operations ou NetOps) referem-se às atividades realizadas pela equipe interna de rede ou por terceiros que as empresas e provedores de serviços contratam para monitorar, gerenciar e responder a alertas sobre a disponibilidade e o desempenho de sua rede.
A equipe que tem responsabilidades primárias pelas operações de rede geralmente é chamada de analistas de operações de rede ou engenheiros de operações de rede (Network Operations Analysts ou Network Operations Engineers respectivamente).
Um Centro de Operações de Rede (Network Operations Center), geralmente chamado de NOC, é normalmente um local centralizado onde a equipe de operação de rede fornece supervisão, monitoramento e gerenciamento 24x7x365 (24 horas, 7 dias da semana, 365 dias do ano) da rede, servidores, bancos de dados, firewalls, dispositivos e serviços externos relacionados.
Esse ambiente de infraestrutura pode estar localizado no local (on-premises) e/ou com um provedor em nuvem (Cloud-based), por exemplo.
Algumas atividades importantes de operação de rede são:
- Monitoração de rede
- Resposta a incidentes
- Gerenciamento de comunicações, seja por e-mail, voz ou vídeo
- Relatórios de desempenho, qualidade e otimização
- Instalação de software/firmware
- Solução de problemas
- Atualização de elementos de rede
- Gerenciamento de patches
- Backup e armazenamento
- Gerenciamento de firewall
- Implantação e monitoração de sistemas de segurança como Intrusion Prevention System (IPS) e outras ferramentas em colaboração com o time de segurança
- Análise de ameaças em colaboração com as Operações de Segurança
Citamos algumas das principais funções, porém na prática essa lista pode variar.
Desafios na operação de redes
Devido às complexidades envolvidas com as redes e serviços de hoje, especialmente à luz da adoção de infraestrutura baseada em nuvem e aplicativos SaaS, há muitos desafios que a equipe de operações de rede enfrenta não apenas associados a um entendimento completo da tecnologia em si, mas em também em manter o acesso simplificado às comunicações entre todos os envolvidos.
Alguns dos principais desafios da operação de rede incluem:
- Falta de colaboração/coordenação entre as equipes
- O ritmo acelerado de mudanças na nuvem em conjunto com a orquestração de recursos dinâmicos significa que a documentação geralmente não está atualizada para solucionar problemas
- A solução de problemas é demorada porque geralmente envolve a correlação de dados em vários dispositivos e conjuntos de ferramentas, podendo necessitar de processos manuais para chegar a diagnósticos mais precisos
- Muitas ferramentas e fornecedores diferentes em uso que podem exigir que a equipe trabalhe com diferentes tecnologias, utilitários de baixo nível e interfaces de linha de comando (CLI)
- Os problemas surgem e desaparecem quando todas as informações necessárias para a solução de problemas são coletadas
- A escalação para funcionários mais seniores é necessária com frequência para avaliar as causas-raiz
Melhores práticas
Equipes de operações de rede bem administradas adotam uma variedade de práticas recomendadas testadas e comprovadas, as quais incluem, mas não estão limitados ao seguinte:
- Monitoramento contínuo de uma ampla variedade de informações e sistemas de rede que incluem circuitos de comunicação, recursos de nuvem, sistemas LAN/WAN, roteadores, switches, firewalls, sistemas VoIP e demais aplicações de rede.
- Fornecer resposta oportuna a todos os incidentes, interrupções e problemas de desempenho.
- Categorização de problemas para encaminhamento às equipes técnicas apropriadas.
- Reconhecer, identificar e priorizar incidentes de acordo com os requisitos de negócios do cliente, políticas organizacionais e impacto operacional.
- Coletar e revisar relatórios de desempenho para vários sistemas e relatar tendências de desempenho para o pessoal técnico sênior para ajudá-los a prever problemas ou interrupções futuras.
- Documentar todas as ações de acordo com as políticas e procedimentos padrão da empresa.
- Notificar clientes e provedores de serviços terceirizados sobre problemas, interrupções e status de remediação.
- Trabalhar com equipes técnicas e de serviço internas e externas para criar e/ou atualizar artigos da base de conhecimento.
- Realização de testes básicos de sistemas e tarefas operacionais (instalação de patches, testes de conectividade de rede, execução de scripts, etc.).
- Suporte a várias equipes técnicas em ambientes operacionais 24 horas por dia, 7 dias por semana com altos requisitos de tempo de atividade. Horários de turnos variados podem incluir horas diurnas ou noturnas.
Fora dessa lista de práticas recomendadas, a equipe de hoje tem mais probabilidade de se concentrar no desempenho da rede em vez da disponibilidade do aplicativo.
Mas a disponibilidade e o desempenho do aplicativo são essenciais para impulsionar as metas de negócios para empresas e provedores de serviços.
A mudança dos aplicativos para a nuvem será o principal fator nas operações de rede, gastando mais tempo na disponibilidade e no desempenho dos aplicativos daqui para frente.
Especificamente, as equipes de operações de rede precisarão garantir que redes e serviços internos e externos não impeçam a disponibilidade de aplicativos, mas acelerem sua entrega.
A tecnologia Network Intelligence (Inteligência de rede ou NI) aborda muitos dos desafios associados à busca das melhores práticas de operações de rede.
A inteligência de rede é uma tecnologia que se baseia nos conceitos e recursos de Deep Packet Inspection (DPI), Packet Capture (captura de pacotes) e Business Intelligence (BI).
A NI examina em tempo real os pacotes de dados IP que cruzam as redes de comunicação, identificando os protocolos usados, extraindo o conteúdo do pacote e os metadados para uma análise rápida das relações de dados e dos padrões de comunicação.
Para garantir o desempenho ideal da rede e do aplicativo, as equipes de operações de rede precisam de visibilidade detalhada e precisa do caminho da rede, juntamente com dados de roteamento e camada de aplicativo.
Network Operations Center (NOC)
O NOC é um local central onde os técnicos de TI monitoram, mantêm e supervisionam as redes corporativas.
O NOC pode ser dedicado a atender redes internas da empresa ou, se for parte de um provedor de serviços gerenciados (MSP), redes de clientes externos.
Os serviços de computador do NOC detectam, diagnosticam e corrigem problemas em quatro áreas: servidores, redes, aplicativos e sites.
Os serviços de monitoramento de rede, servidor, aplicativo e site do NOC são organizados em um diagrama circular.
Os serviços de monitoramento de IT NOC garantem tempo de atividade 24 horas por dia, 7 dias por semana para redes corporativas e ativos relacionados.
Os serviços do NOC incluem:
- Instalar, solucionar problemas e atualizar aplicativos de software
- Gerenciar serviços de e-mail
- Gerenciar armazenamento e backup de dados
- Realizar avaliações de rede e descoberta de ativos
- Aplicar políticas de rede de TI
- Gerar relatórios de desempenho e recomendações de melhorias
- Monitorar firewalls e sistemas de prevenção de intrusões
- Executar verificação e correção de antivírus
- Fazer análise de ameaças
Com ênfase no desempenho geral da rede, as atividades do NOC geralmente incorporam protocolos conforme o ITIL (Information Technology Infrastructure Library) em relação ao gerenciamento de problemas e outras áreas de gerenciamento do ciclo de vida do serviço.
As melhores práticas e listas de verificação da ITIL integram os departamentos de TI com outras unidades de negócios, seus processos e metas.
Algumas funções do NOC se sobrepõem ao centro de operações de segurança (SOC), mas o SOC concentra-se exclusivamente na segurança da rede e o NOC supervisiona todo o desempenho da rede.
O NOC é semelhante a um help desk de TI – ambos se preocupam em manter o desempenho da rede – mas são diferentes.
O help desk de TI consiste em atividades voltadas para o cliente, como responder a tíquetes de suporte e solicitações de serviço, mas o NOC opera nos bastidores, sem interações diretas com o cliente.
No entanto, o NOC e o help desk de TI não operam independentemente um do outro.
Se um incidente ou evento de TI for escalado para um nível mais alto, ele será roteado para o NOC.
São duas perspectivas diferentes complementares: os usuários finais do help desk versus o suporte de back-end do NOC.
Evolução do NetOps: NetDevOps
A rede é fundamental para oferecer qualquer tipo de serviço permitindo conexão para uma organização.
O provisionamento sequencial e manual leva a uma situação em que os dispositivos de rede podem ficar desatualizados em relação às configurações de rede mais atuais.
Assim, qualquer alteração feita nas configurações de rede pode trazer erros desconhecidos para o time de operação, tornando a situação mais complexa para a equipe lidar.
As questões mencionadas anteriormente são muito semelhantes ao procedimento de desenvolvimento de software tradicional.
As metodologias Agile, DevOps, pipeline CI (Integração Contínua)/CD (Entrega Contínua) e testes automatizados ajudaram a superar esses desafios no mundo do desenvolvimento de software.
Os mesmos princípios, quando aplicados às configurações de rede, levam a um novo paradigma chamado NetDevOps.
Historicamente, o termo NetOps era uma abreviação para Operações de Rede ou Network Operations, ou seja, todas as atividades relacionadas à manutenção, monitoramento e solução de problemas da rede.
As ferramentas utilizadas para operar e monitorar uma Rede em estrutura NetOps convencional são Syslog, CLI (Telnet/SSH), SNMP, Netflow, etc.
Atualmente o NetOps geralmente se refere ao uso de princípios e ferramentas de DevOps na rede, sendo que essa abordagem moderna também é conhecida como NetOps 2.0, DevNetOps, NetDevOps, rede como código (Infrastructure as Code ou IaC) e Super-NetOps.
O NetDevOps incorpora automação, orquestração e virtualização de rede para tratar a infraestrutura como código (IaC).
Isso resulta em uma infraestrutura de rede mais flexível, programável e escalável que requer menos intervenção manual e pode acompanhar o ritmo acelerado que o DevOps define.
Portanto, o NetDevOps é a filosofia DevOps aplicada às redes, ou seja, ele procura aplicar no mundo das redes as melhores práticas, processos e ferramentas utilizadas no desenvolvimento de software.
Mas o que é o DevOps? Ele é uma estratégia e cultura de desenvolvimento de software que preenche a lacuna entre as equipes de desenvolvimento (Dev) e operações (Ops) para criar, testar e liberar software com mais rapidez e confiabilidade.
O objetivo do NetDevOps é automatizar todos os processos da Infraestrutura da TI e simplificar a operação das Redes, porém tudo isso alinhado com os objetivos de negócios da empresa.
Com a implementação do NetDevOps temos a interseção da criação dos serviços de Rede, garantia da qualidade e as operações, o que permite acelerar todo ciclo de desenvolvimento.
Ele permite aceleração na liberação de novos serviços de rede, serviços mais estáveis e um melhor alinhamento com os objetivos do negócio.
Por exemplo, podemos aplicar técnicas NetDevOps em toda interação automatizada com um API de controle ou de gestão de uma SDN para montar a configuração, validar e fazer o deploy de forma rápida e segura.
Outro exemplo é na monitoração da Rede com o NetDevOps incorporando ferramentas como Machine Learning, Inteligência Artificial e Streaming Telemetry podemos ter a análise, detecção e até mesmo a resolução de problemas de forma automatizada.
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Abaixo os cursos da trilha “Profissional Infraestrutura de TI” :
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- Protocolo IPv6 Operação e Endereçamento (8h)
- Endereçamento IPv6 e Sub-redes (8h)
- Protocolos e Serviços de Rede (8h)
- Clientes de Rede (em breve)
- Dispositivos e Topologias de Rede (8h)
- Sistemas de Cabeamento Estruturado SCE (5h)
- Redes Ópticas Passivas PON (4h)
- Switches Ethernet Parte I (10h)
- Switches Ethernet Parte II (10h)
- Protocolo Spanning Tree de “A” a “Z” (10h)
- Wireless LAN (Redes sem fio) (8h)
- Roteamento IP e RIP (6h)
- Protocolo OSPF (6h)
- Protocolo EIGRP (4h)
- Internet NAT, Proxy e BGP (4h)
- Segurança de Redes (16h)
- Introdução à Cloud Computing (4h)
- Introdução à Nuvem AWS (8h)
- SDN, NFV, Cloud e Fog Computing (6h)
- Automação e Programabilidade (10h)
- Introdução ao Linux (4h)
- Operação de Redes (8h) (esse curso)
- Resolução de Problemas de Redes (em breve)
- Gerenciamento de Redes (6h)
2 Responses
Que abordagem! Conteúdo top, bastante esclarecedor. Será que caberia um complemento de atividades das funções de cada nível? Por exemplo N1, seria o servicedesk, N2 seria separado ou compatível com um NOC? , O N3 seria um time de analistas/especialistas mais experientes ou seria uma equipe de sistemas?
Oi Cleto, tratamos disso dentro da nossa trilha Profissional em Infra de TI: https://www.dltec.com.br/curso/redes/profissional-de-infra-de-ti-e-telecom
Nesse artigo já cobrimos o que nos propusemos, talvez em outro falaremos desse assunto.