Configurar um endereço IPv6 em um endpoint ou fazer a alocação ou atribuição de IPs para dispositivos e clientes de Rede é normalmente uma tarefa simples no IPv4, porém no IPv6 não é tão simples assim…
Enquanto no IPv4 tínhamos basicamente 3 principais opções, no IPv6 essas opções podem se desdobrar em outras opções e possibilidades!
Lembre-se que no IPv4 um cliente de rede poderia obter seu endereço de forma dinâmica via um servidor DHCP, através de uma reversa no servidor DHCP ou de forma estática ou manual configurado pelo próprio usuário.
Veja o resumo das opções de alocação de endereço IPv4 abaixo:
- IPv4 estático ou manual: você configura manualmente no equipamento.
- IPv4 Dinâmico utilizando o protocolo DHCP ou Dynamic Host Configuration Protocol.
- Auto Configuração via RFC 3030, procedimento que a Microsoft criou uma implementação que é chamado de IP privado automático (APIPA – bloco 169.254.0.0/16).
Um cliente de rede IPv4 quando possui um endereço configurado manualmente ou obtido via DHCP simplesmente se considera configurado e não procura outras fontes de obtenção de endereço.
Você até pode ter um endereço secundário, dependendo do sistema operacional, porém isso não é obtido dinamicamente e precisa ser configurado de forma manual.
O IPv6 funciona de forma diferente e possui mais formas de alocação e obtenção de endereço IPv6 na rede.
No IPv6 temos as seguintes opções de alocação de endereço:
- Endereço IPv6 estático ou manual: você configura manualmente no equipamento, utiliza o EUI-64 para criação do interface-ID de 64 bits ou utiliza a opção de “unnumbered”.
- Endereço IPv6 Dinâmico utilizando o protocolo DHCPv6 Stateful.
- Endereço IPv6 via Auto Configuração via Stateless Autoconfiguration ou SLAAC, procedimento onde o próprio host cria seu interface-ID (identificador de 64 bits da Interface) a partir do seu endereço MAC.
O DHCPv6 tem “dois sabores”: Stateful e Stateless, sendo que o primeiro é similar ao DHCP que conhecemos no IPv4.
Já o DHCPv6 Stateless é utilizado em conjunto com o SLAAC para fornecer opções como DNS para os hosts, pois a autoconfiguração estática não vincula um servidor DHCP ao cliente, passa apenas um prefixo, comprimento desse prefixo e o endereço do gateway de rede.
Existe ainda mais uma opção de DHCPv6 chamada Prefix Delegation ou DHCPv6-PD, o qual é utilizado por provedores de serviço para fornecer um bloco inteiro de endereço IPv6.
Veja a imagem abaixo com o resumo dos tipos de alocação de endereço IPv6.
O grande problema no IPv6 é que os clientes de rede podem adquirir vários endereços, mesmo já tendo um IPv6 estático ou dinâmico configurado neles.
Diferente do IPv4, um cliente IPv6 que obteve um endereço via DHCPv6 pode obter um segundo endereço via SLAAC e ainda ter um endereço manual configurado!
No IPv6 é muito importante que os switches estejam preparados para reconhecer a forma de alocação válida de IPv6 e bloquear tentativas de alocação em portas que não tenham um servidor DHCPv6 ou um roteador legítimo configurado nelas.
Outra dica é nunca testar nada, principalmente me ambientes de emuladores como GNS3 e EVE-NG conectando routers IPv6 na rede, pois isso pode trazer problemas sérios de conexão aos clientes da mesma LAN.
Você pode estar se perguntando agora: “Onde posso aprender mais sobre serviços de Rede na DlteC do Brasil?”
Vale a pena conhecer o curso chamado “Protocolos e Serviços de Rede” e também o curso “Protocolo IPv6 – Operação e Endereçamento”.
Então ficamos por aqui e se tiver dúvidas é só perguntar abaixo!